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Este espaço virtual tem como objetivo acompanhar as discussões ocorridas no meio acadêmico e nas páginas dos jornais e revistas sobre o campo da crítica, em suas mais diversas manifestações: literárias, teatrais, cinematográficas, musicais, etc. A ideia é que ele funcione tanto como um site, no qual são arquivados entrevistas realizadas com críticos, resenhas, artigos e referências de livros de teor metacrítico, quanto como um blog, cuja finalidade é propiciar a interatividade entre professores, pesquisadores, estudantes, escritores e demais interessados no assunto. Se você se enquadra numa dessas categorias, sinta-se à vontade para postar seus comentários e enviar suas colaborações para a construção de nosso acervo de textos sobre a crítica.

Blog

Entrevista de Benedito Nunes

Por Rachel Lima

O caderno Sabático, do Estadão de 05 de março trouxe uma entrevista realizada com Benedito Nunes, que faleceu em Belém, no dia 27 de fevereiro.  Ainda que se possa questionar algumas das ideias presentes na fala do filósofo (como a visão acerca do regionalismo, a distinção entre particular e universal ou até mesmo a adjetivação da crítica literária brasileira como precária), a entrevista vale pelo seu ineditismo, por ser uma justa homenagem ao grande leitor de Clarice Lispector e por mostrar como ele estava tranquilo em relação à morte, ao lançar mão de uma passagem do “Bhagavad”: “O verdadeiro sábio não lamenta nem o que vive nem o que morre”. (Leia a entrevista na íntegra aqui)

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9 de março de 2011


MEGAPOST: Biografias de I a VI

Por Rachel Lima

Diante da dificuldade de demarcação precisa dos gêneros, nosso Observatório resolveu considerar que a biografia assume funções pertencentes também ao campo da crítica. Afinal, ao recortar os fragmentos de vida e obra do biografado para a produção de uma narrativa, o biógrafo não se limita a descrever os fatos (atividade que resultaria, no máximo, na produção de uma cronologia),  mas também realiza operações críticas, como a seleção, a análise e o julgamento do valor do trabalho realizado pelo indivíduo que constitui seu objeto de estudo. Por isso, quando a biografia se referir a personagens da nossa vida intelectual, ela passará a fazer parte do “corpus” de nossa pesquisa. Da mesma forma, também os textos críticos que têm por objeto esse gênero nos interessam.  Dito isso, damos início ao levantamento dos vários artigos e resenhas que divulgaram e discutiram a biografia no dia 05 de março.

Biografia I: A coluna de José Castello no Prosa e Verso de 05 de março

Tomando como ponto de partída o ensaio “William Faulkner e seus biógrafos, publicado por J. M. Coetzee, no livro “Mecanismos internos”, Castello discute a dificuldade de construção de uma obra do gênero biografia. Assim como Coetzee, nos ensaios que compõem o livro e que se servem do material biográfico dos escritores analisados, o crítico do jornal O Globo também repudia o  psicologismo, por um lado, e, por outro, a opção por transformar a narrativa de vida de um sujeito em uma biografia romanceada. Para Castello, a biografia se define por um dilema ético, exposto por ele da seguinte forma: “De um lado, o biógrafo deve cobiçar a objetividade e a distância; de outro, não tem o direito de esconder a perspectiva particular com que observa, ordena e classifica seu objeto.” Resenhar o belo texto de Castello certamente resultará em uma perda irreparável. O leitor que vá, então, diretamente a ele, que pode ser acessado aqui.

Biografia II: Cláudio Manuel da Costa

O Caderno Ilustrada, da Folha de S. Paulo de 05 de março, trouxe uma resenha assinada por Sylvia Colombo sobre a biografia do poeta inconfidente, escrita pela historiadora Laura de Mello e Souza e publicada pela Companhia das Letras. Ao contrário de alguns historiadores, Mello e Souza acredita ser mais pertinente a hipótese do suicídio do poeta. (Íntegra aqui)

Biografia III: Bob Dylan

A coluna Babel, assinada por Raquel Cozer para o Caderno Sabático, do Estadão, anuncia a publicação da biografia de Bob Dylan, intitulada “No direction home”, de Robert Shelton, pela Editora Larousse do Brasil. O livro deve sair em maio, quando o cantor comemora 70 anos.

Biografia IV: Roman Polanski

Ainda na mesma coluna, Cozer informa também o lançamento, em junho, da biografia do cineasta, escrita por Cristopher Sandford. A editora responsável pela publicação é a Nova Fronteira.

Biografia V: “O livreiro do alemão”

O caderno Prosa e Verso, do jornal O Globo, noticia em 05 de março o lançamento da biografia de Otávio Júnior, criador do projeto “Ler é 10”, ganhador do prêmio Faz Diferença. O projeto tem como objetivo estender às crianças do morro do Alemão a alternativa encontrada por Otávio Júnior no mundo dos livros para sair do ciclo de exclusão e violência. Segundo o jornal, o livro traz também um depoimento do biografado sobre a recente ocupação policial do morro do Alemão. O lançamento do livro, publicado pela Panda Books, será no dia 15 de março, na Saraiva Megastore do Norte Shopping.

Biografia VI: A vida dos filósofos

Também no Prosa e Verso do dia 05 de março, lê-se a informação de que a coletânea de ensaios “Examined lives: From Socrates to Nietzsche”, de James Miller, deve ser publicada no Brasil pela Editora Rocco. O livro, um best seller, analisa a obra de 12 pensadores (Sócrates, Platão, Diógenes, Aristóteles, Sêneca, Santo Agostinho, Montaigne, Descartes, Rousseau, Kant, Nietzsche e Emerson), tomando como ponto de partida o perfil biográfico de cada um deles.

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9 de março de 2011


Curso de Crítica na Estação das Letras, no Rio de Janeiro

Por Rachel Lima

Será realizado de 23 de março a 08 de junho, de 16h30 às 18h20, o curso “Introdução à crítica literária do século XX”, ministrado por Jair Ferreira dos Santos. O curso tem como objetivo apresentar as técnicas de análise literária de correntes crítico-teóricas surgidas no século XX e discutir, de forma didática, seus conceitos básicos. O pagamento pode ser feito em 3 parcelas de R$250,00. Para fazer sua inscrição, vá à página da Estação das Letras (aqui)

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9 de março de 2011


Aos 81 anos, morre Benedito Nunes

Por Rachel Lima

O filósofo, que assinou vários livros de crítica literária que se tornaram referências no nosso meio, estava internado há 10 dias no Hospital da Beneficência Portuguesa, em Belém, e morreu ontem, por complicações decorrentes de uma hemorragia estomacal. Grande leitor de Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Oswald de Andrade, João Cabral de Melo Neto, dentre outros importantes escritores brasileiros, Benedito Nunes se fazia notar também pela simpatia, simplicidade e pelo acolhimento para com os jovens. Relembro a forma altamente didática com que ministrou um seminário sobre Heidegger, há alguns anos, na UFMG, e de sua alegre companhia num jantar no qual os organizadores e participantes do seminário “Valores”, realizado em 2001 no Instituto de Letras na UFMG, se confraternizavam.

Além de suas célebres análises literárias, o filósofo escreveu também sobre a crítica literária. Para quem deseja relembrar suas ideias sobre o nosso campo de pesquisa, é possível encontrar na rede um perfil publicado na edição 141 da revista Cult ou ler o artigo “Crítica literária no Brasil, ontem e hoje”, no livro Rumos da crítica, organizado por Maria Helena Martins e publicado pela Editora SENAC e pelo Itaú Cultural, em 2000. Recuperamos, aqui, em sua homenagem, uma significativa frase deste artigo, ao comentar a tão discutida “crise da crítica”:

“No entanto, crise não é catástrofe. Crise é incerteza do que fazer agora e do que virá depois.”

O leitor que desejar mais informações sobre a repercussão do falecimento de Benedito Nunes pode seguir os links aqui apresentados:

Jornal do Brasil:
http://www.jb.com.br/pais/noticias/2011/02/27/morre-benedito-nunes-um-dos-mais-importantes-pensadores-da-atualidade/

Folha de S. Paulo:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2802201116.htm

O Estado de S. Paulo:
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20110228/not_imp685493,0.php

O Globo:
http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2011/02/27/morre-aos-81-anos-filosofo-critico-literario-benedito-nunes-923891599.asp

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28 de fevereiro de 2011


Divulgação de publicação

Por Rachel Lima

Matéria sobre coletânea de ensaios de Walnice Nogueira Galvão publicada no Caderno Prosa e Verso (p.4), do jornal O Globo, em 26 de fevereiro de 2011.

Disponível em: www.oglobodigital.com.br (só para assinantes)

Acesso em 26 fev. 2011.

Sombras & sons, de Walnice Nogueira Galvão

• Lazuli/Companhia

Editora Nacional, 288

páginas • R$ 32,90

● Uma das principais críticas literárias brasileiras, mais conhecida por seus trabalhos sobre Euclides da Cunha e

Guimarães Rosa, a professora da USP Walnice Nogueira Galvão reúne aqui textos sobre música e cinema.

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26 de fevereiro de 2011


Resenha de coletânea de ensaios de Coetzee

Por Rachel Lima

O caderno Ilustrada da Folha de S. Paulo de hoje publica uma resenha de Flávio Moura sobre a coletânea de ensaios do escritor sul-africano Coetzee, intitulada Mecanismos internos. O resenhista tece críticas ao estilo sisudo, didático e até mesmo “cafona” adotado no livro, cujos bons momentos são pontuados, segundo Moura, apenas quando o escritor utiliza recursos ficcionais, como, por exemplo, ao comentar a obra de Philip Roth.

A resenha está disponível na internet (http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq2602201125.htm) e também pode ser lida na íntegra aqui).

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26 de fevereiro de 2011


Crítica de Cinema – Entrevista de Rubens Ewald Filho para O Globo

Por Rachel Lima

Hoje, no Caderno 2 do jornal O Globo, foi publicada uma entrevista com Rubens Ewald Filho, na qual o crítico de cinema tece comentários sobre o papel do crítico, as transformações por que passa essa atividade frente à internet, sua experiência como comentarista do Oscar e o papel fundamental cumprido pelo cinema como um recurso para driblar a solidão. Reproduzimos aqui a frase mais interessante da entrevista, ao comentar a grande quantidade de blogs sobre cinema na atualidade:

Blogueiros são ótimos porque escrevem com paixão, essa qualidade perdida da crítica. (Texto completo aqui)

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26 de fevereiro de 2011


Réplica: Gumbrecht responde a críticas da resenha de Andrea Daher, no caderno Prosa e Verso

Por Rachel Lima

Hans Ulrich Gumbrecht, teórico alemão bastante conhecido no Brasil, onde frequentemente ministra cursos e participa de eventos, responde às críticas dirigidas por Andrea Daher ao seu livro Produção de presença, no caderno Prosa e Verso, publicadas no jornal O Globo do sábado passado. Seu texto traz considerações importantes para se pensar a forma como se constroem as relações entre o crítico e o criticado no espaço público. O teórico afirma não negar o direito da resenhista ao seu julgamento, mas, por outro lado, apresenta contra-argumentos às críticas a ele endereçadas. Justifica seu interesse em apresentar os “equívocos” de Daher pela possibilidade de esclarecer ao leitor do jornal acerca do que considera ser o objeto de estudo das humanidades e das artes. E, ainda, pela necessidade de defender-se da acusação de que seu livro apresentaria um estilo pouco acadêmico, dado o viés personalista percebido no livro. Exemplos: a referência a certos autores por ele citados como amigos e o fato de a capa do livro reproduzir a foto de seu autor. O Observatório disponibiliza a resenha de Daher (aqui) e a réplica de Gumbrecht (aqui) para que vocês leiam, tirem suas próprias conclusões e dividam conosco seus comentários.

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26 de fevereiro de 2011


Polêmica 2010 – Os necrológios de Wilson Martins

Por Paula Augusto

No dia 30 de janeiro de 2010 o escritor e crítico literário Wilson Martins morreu aos 88 anos, gerando uma série de necrológios produzidos por alguns intelectuais brasileiros – o jornal Rascunho dedicou uma sessão em março de 2010 para que Rodrigo Gurgel, Miguel Sanches Neto, Alcir Pécora, André Seffrin, Luiz Antonio de Assis Brasil e Sérgio Rodrigues escrevessem sobre o crítico falecido. A polêmica começou quando a crítica literária Flora Süssekind, adepta dos estudos culturais, revoltou-se contra a aclamação dos críticos ao conservador Wilson Martins. A querela teve tanta repercussão que alguns alunos de Letras da USP montaram até um guia no twitter para coordená-la.

Wilson Martins era considerado e se considerava o último crítico formado na tradição francesa a exercer o que se convencionou chamar crítica de rodapé. Süssekind, contra essa tradição, em seu texto “A crítica como papel de bala”, considera que os necrológios publicados evidenciam “o apequenamento e a perda de conteúdo significativo da discussão crítica, assim como da dimensão social da literatura no país nas últimas décadas”, além de “um conservadorismo que é francamente hegemônico”. Segundo a crítica, os necrológios, “que figuram o colunista [Wilson Martins] como um injustiçado, como uma espécie de herói solitário na pontualidade de suas resenhas semanais”, sinalizam “uma redução do potencial de dissenso” e “a perda de lugar social da crítica”. Isso porque “formas dissentâneas de percepção, como a crítica, se mostram particularmente incômodas”, enquanto “formas personalistas e estabilizadoras, ao contrário, se esvaziadas, parecem continuar benvindas” – caso dos necrológios, para a autora. Süssekind critica, ainda, veementemente, a união entre o mercado editorial e o exercício crítico que funciona como guia de consumo e busca de prestígio.

Em um ponto do texto Süssekind afirma que, para que a crítica mantenha ainda um espaço relevante, talvez fosse necessário matar Wilson Martins mais uma vez e não louvá-lo como modelo a ser seguido. Já que, para ela, “sua transformação em imago exemplar parece expor inequívoca vontade de retorno a algo próximo à tradição das Belas Letras, a um regime estável e hierarquizado de vozes e gêneros, a regras fixas de apreciação e prática textual, a um apagamento de novos espaços de legibilidade, espaços ainda não demarcados ou nomeados, e sugeridos por formas de compreensão expansivas, e não exclusivas, do campo da literatura” (Texto na íntegra aqui).

Percebemos até aqui uma cisão de linhas teóricas. Delineia-se a dicotomia estudos culturais X estudos literários, que torna a aparecer na resposta de Sérgio Rodrigues a Flora Süssekind, em seu texto “A crítica de mal com a literatura”. Para Rodrigues, “a crítica universitária de fôlego que ela própria [Süssekind] representa, retirou-se do debate porque quis. (…) Süssekind, reconheça-se logo, está de mal com a literatura contemporânea”. E essa postura, segundo ele, advém da hegemonia dos estudos culturais, pois “tal predominância transformou em truísmo a ideia de que a literatura como a conhecemos é apenas um instrumento de dominação de classe”. O escritor coloca Wilson Martins como resistente, afinal “nunca desistiu do que há de propriamente literário na literatura” (Texto na íntegra aqui).

O texto de Süssekind gerou outras réplicas, além dessa, como a de Affonso Romano de Sant’anna, que em vez de discutir a obra de Martins ou a situação da crítica e da literatura, parte para ofensas pessoais e finaliza um de seus textos assim: “Wilson Martins morto é mais útil e fecundo do que Flora Sussekind viva”. Luis Dolhnikoff, em seu texto “Flora Süssekind avalia o decaído campo literário”, defende a crítica e afirma que Romano “mergulha diretamente no ridículo”. Para Dolhnikoff, Süssekind realiza um diagnóstico claro da situação atual da crítica e da literatura.

Nós, do Observatório da Crítica, selecionamos, até agora, 12 textos que consideramos mais significativos sobre essa polêmica. Acompanhe aqui o desenrolar desse embate e escolha seu lado. Agradecemos, desde já, futuras contribuições de vocês, leitores do blog.

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19 de fevereiro de 2011


III Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural

Por Túlio D’El-Rey

Aconteceu nos dias 08 a 10 de Dezembro de 2010, o III Seminário Internacional Rumos Jornalismo Cultural, cujo tema foi: pRINCÍPIOS iNCONSTANTES. A presença do Jornalismo Cultural na era digital e nas novas mídias foi o foco principal das discussões, divididas ao longo de 6 mesas durante os 3 dias do evento, com a participação de diversos palestrantes de dentro e de fora da academia, o que propiciou a exposição de diferentes pontos de vista.

Como não poderia deixar de ser, a crítica foi presença cativa no evento, servindo de tema da mesa de abertura, voltada a para discussão a respeito do valor dessa atividade, tendo como debatedores o professor da UFES Fábio Malini, o crítico Luís Antônio Giron, e Stuart Stubbs, editor da revista Britânica de música alternativa Loud and Quiet. A mesa foi mediada pelo professor da UFAL, Gedder Gianotti, que teceu comentários sobre a crítica na era digital, especialmente a que vem ocupando o espaço da Internet, operando uma transformação do labor crítico, o que obriga a uma flexibilização dos seus objetos de análise, já que agora a crítica, mais do que nunca, representaria um lugar de endereçamento do consumo. Daí compreender-se a quantidade de blogs e sites dedicados à análise crítica de objetos culturais que tradicionalmente não são foco da análise crítica da grande imprensa, como quadrinhos, alguns estilos musicais, gêneros cinematográficos e cultura POP em geral.

Envolvido com a crítica na WEB, Fábio Malini procurou mostrar como a reputação da crítica mudou a partir das facilidades promovidas pela WEB 2.0, sobretudo com os blogs, espaço no qual a produção de um usuário passa a servir de mediação para outros usuários. Contribuiriam nesse processo os chamados agregadores de críticas, locais que proporcionam o acesso ao que de modo mais abrangente pode ser chamado de crítica coletiva, promovida através da parceria, decorrente da possibilidade de se agregar diversas opiniões nesses espaços. Desse modo, uma parcela significativa dos espaços críticos se reduziria aos nichos próprios da rede, abalando-se o que o Professor denominou de “era do Pop Star”, gerando sucessos culturais em menor escala.

Crítico cultural de formação jornalística, Luís Antônio Giron privilegiou em sua apresentação a sua experiência em diversos veículos da grande imprensa, com destaque para a revista Época e o jornal Folha de S. Paulo. Para Giron, o tema do evento – princípios inconstantes – está de acordo com a realidade do crítico, tratando de ressaltar que a crítica ainda existe e que ainda é necessária a autoridade da figura tradicional do especialista, sobretudo porque ele compreende esse exercício como serviço e como produção de pensamento. Giron considera também que a crítica como gênero vem sendo transformada pelos blogs, mas lembrou que, no meio de tanta produção, há muito conteúdo irrelevante e que, ainda que se encontre na rede muitas informações, o diálogo é uma raridade, havendo a constante repetição de conteúdos através do compartilhamento nas redes sociais, que criam plataformas de ecos. Giron finalizou sua apresentação defendendo o papel pedagógico da crítica, reforçando a visão da crítica como um espaço dedicado ao compartilhamento de conhecimento e cultura por parte do crítico para com o público.

Stuart Stubbs, da Loud and Quiet, explicou como se tornou crítico musical e por que decidiu começar uma publicação voltada exclusivamente para a música alternativa britânica. Para ele, o melhor da crítica musical está nas revistas independentes, já que o modo de relacionar-se com esse objeto mudou. Ao não se sentir contemplado com o conteúdo das revistas musicais que lia, decidiu produzir seu próprio conteúdo. Stubbs considera que hoje todos podem ser críticos, mas não necessariamente bons críticos, e que a Internet tem sido um espaço muito interessante de difusão da crítica, mas, curiosamente, mesmo assim optou pela produção de uma revista impressa, por acreditar que o público ainda prefere algo físico.

A partir de algumas questões levantadas pelo público e pelo mediador, os participantes da mesa puderam expandir um pouco seus comentários. Indagado a respeito do “achismo” na crítica e da ausência de liberdade no conteúdo produzido pelos grandes veículos midiáticos, Luís Antônio Giron afirmou que os grandes veículos são atrelados a concepções rígidas acerca do que deve pautar o exercício da crítica e que, apesar de haver muita coisa ruim na internet, os blogs fizeram a crítica cultural respirar. Registrou, entretanto, que o tal “achismo” sempre existiu na crítica, e boa parte da produção dos blogs vem como “imitação” da crítica tradicional, que em geral possui mais credibilidade por possuir critérios auto-explicavéis. Como complemento, Fábio Malini afirmou que a internet deve funcionar como espaço de rascunho para o crítico especialista e que os blogs podem assumir a função primordial de contribuir para a formação do crítico. Para Stuart Stubbs, os blogs deixam o leitor acomodado, mas, por outro lado, possuem um conteúdo com mais liberdade. Ao comentar a respeito da ausência de espaço para novos críticos na imprensa, decorrente da falta de discussão, Giron afirma que há uma ausência mais abrangente, que é a do Intelectual Público, uma vez que a universidade rendeu-se à especialização e ao confinamento, havendo hoje a necessidade do compartilhamento da produção universitária, que deve evitar que a linguagem acadêmica afaste boa parte dos leitores. A respeito desse tema, Malini finaliza afirmando que a solução para os novos críticos na Internet seria justamente indicar uns aos outros, no esquema da parceria virtual das redes sociais onde a auto-referenciação dos pares é bastante comum e funciona como instrumento de distinção e reconhecimento, sendo essa a principal diferença nas trocas promovidas pela Rede.

A partir das declarações apresentadas, foi possível constatar que todos os conferencistas consideraram a internet como um caminho bastante fértil para a crítica na contemporaneidade, sobretudo a partir da participação da crítica profissional nos blogs e nas redes sociais, uma vez que o jornalismo impresso vem cada vez mais migrando seus conteúdos para dispositivos moveis como Ipad, Smartphones, etc., migração esta que aparentemente mostra-se como um caminho sem volta.

Observação: Para quem quiser assistir aos debates, basta acessar a página: http://www.youtube.com/itaucultural#g/c/390B461EA6A52418.


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18 de fevereiro de 2011