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Cinema: Criticar ou filmar, eis a questão

Por Ana Lígia Leite e Aguiar

Mapeando a formação e o percurso crítico da revista de cinema Contracampo, da qual foi colaborador, Felipe Bragança escreveu no último sábado, dia 12 de março de 2011, o “Meu último texto de cinema”, no caderno Prosa e Verso do Jornal O Globo.  Ao apresentar um panorama instaurado por Fernando Meirelles e Walter Salles, dentre outras tímidas novidades do cinema brasileiro nos primeiros anos do séc. XXI, o cineasta faz um exercício de breve rastreamento das uniões entre a atividade crítica e a produção cinematográfica, mais especificamente entre a formação crítica e universitária de fins dos anos 1990, das quais nasceria um outro tom. Esse tom seria o de uma crítica cinéfila mais antenada com o que há de mais “instigante nas produções internacionais contemporâneas”, para usar as palavras de Letícia Mendes, atrelada a baixos orçamentos e à formação de grupos que conseguiriam trazer novas nuances para a luz do cinema nacional. A essa linguagem renovada e, por ora, sem síntese, Felipe Bragança dedica a reflexão de seu texto e convoca os críticos de 2011 para o despertar de um pensamento sobre esse “outro” cinema brasileiro, nascido de um desejo de novos ares, dentre eles o “esfacelamento da nostalgia da História (do cinema brasileiro)” onde se misturam “clichês, gêneros e estratégias”. O texto de Bragança sintomatiza a rara e, cada vez mais difícil, tarefa de atrelar a produção cinematográfica ao exercício crítico, como assim o fizera a geração do Cinema Novo, da Nouvelle Vague e alguns cineastas do início do séc. XX, tradição abortada pelos novos cineastas dos anos 1980 no Brasil e, como o próprio texto em questão aponta, aos poucos retomada por essa crítica de cinema do entre-lugar, que surge para tentar se libertar tanto de um ranço acadêmico quanto dos vícios de um jornalismo industrial. Ao se despedir com seu “último texto de cinema”, Felipe Bragança só se esqueceu de nos contar o porquê deste “abandono”. Confira o texto aqui.

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Publicado em 17 de março de 2011

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