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As várias facetas de um músico clássico

Por Jamille Assis

O lançamento de vários livros sobre o compositor e músico Franz Liszt foi tema de dois artigos publicados neste último final de semana. Aproveitando o ensejo do bicentenário do nascimento do artista, saiu a primeira matéria sobre ele no Segundo Caderno do jornal O Globo, no dia 11 de março. Graça Magalhães- Rüether -  que assina o artigo -  destaca o recém-lançado “Liszt: Biographie eines Superstars” (“Liszt: biografia de um superstar” de Oliver Hilmes), que traz os conflitos familiares que podem ter colaborado para a restrição da fama do músico somente como compositor. Discordando desta redução, o autor do livro afirma que Liszt inovou a música do século XIX, não vivendo assim à sombra de seu genro e também músico clássico, Richard Wagner, como a família dele queria que todos acreditassem. Leia o artigo aqui.  É nesse caráter multifacetado e inovador que João Marcos Coelho acredita e que é o destaque do segundo artigo noticiado sobre Liszt. No dia 12 de março, o jornal Estadão, na sua sessão Música, traz a opinião do crítico musical que traça uma linha lisztiana que vai do piano à igreja, passando pelas suas experiências como Don Juan e dublê de escritor e crítico. Pelo quadro desenhado pelo artigo, o compositor-pianista romântico, apesar de compor 1400 obras diversificadas, ainda é pouco conhecido. Para sanar tal problema, a matéria noticia que nos últimos meses várias publicações, como a de Oliver Hilmes estão chegando ao público. Os livros, em sua maioria, são de pesquisadores franceses, tendo como objeto temas diversos sobre a vida e obra de Liszt. João Coelho escolheu 4 biografias para dar destaque: “Liszt- Virtuose Subversif”, de Bruno Moysan, que reforça o virtuosismo e a qualidade musical daquele que conquistou a Itália com sua música; discutindo a religiosidade do compositor, “Liszt et L’Espérance du bom Larron”, de Alain Galliari, traz a figura do católico arrependido depois de uma vida devassa; em “La Musique de Liszt et Les Arts Visuels” de  Laurence le Diagnon – Jacquin relaciona a obra musical com as artes plásticas;  e “The Piano Master  Classes of Franz Liszt, 1884-1886: Diary Notes of August Göllerich”, mostra o mestre que, mesmo não tendo nada em troca, ensinava sua arte. Leia o artigo aqui. Para finalizar o artigo, o jornalista numa tentativa de engrandecer ainda mais a obra de Liszt diz: “Todo pianista, nos últimos 180 anos, deve a Liszt a essência de sua arte”.

A performance de Liszt, além de se estender às salas de aula – já que foi mestre de muitos alunos – foi motivo de admiração por apresentar uma interpretação bem pessoal.  Mesmo com um pé no clero e ser adorado pelo papa, seu tom mefistofélico (o compositor fez a Sinfonia “Fausto”) pode ser a explicação para tanto destaque no universo da música clássica.

Um pouco da vida de Franz Liszt: Há 200 anos nascia o húngaro que mudou paradigmas na música clássica do século 19. Um artista, que como todo ser humano, tinha suas contradições como compor música religiosa e ao mesmo tempo se entregar aos prazeres da bebida e dos amores avassaladores. Famoso pelas suas obras feitas para piano, muita de suas produções ainda não foram bem divulgadas. Franz Liszt fez a interligação como ninguém da literatura com a música e, em seus Lieds e poemas sinfônicos, refletiu sobre a importância das artes visuais na compreensão do fazer musical e ainda deslocou a música instrumental dos salões para as salas de concerto. O músico popularizou, assim, um objeto cultural que ainda era muito restrito a poucos e nobres.

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Publicado em 16 de março de 2011

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